terça-feira, 5 de agosto de 2014

Viagem

No dicionário diz que viagem significa o ato de transportar-se de um ponto ao outro distante. Não sei o que quer dizer "ato de transportar" , nem mesmo a noção do que é distante. Sempre achei que viagem é sair de um lugar em que se está habitualmente e ir para outro que não cabe nos nossos hábitos. E isso posso fazer fisicamente ou não, e posso atingir uma distância considerável sem sair do meu lugar. O que quero dizer é que sempre acreditei que posso viajar ao ler um livro, ver um quadro, numa sessão de meditação, a conhecer outras pessoas. Mas também viajo quando me desloco, com o meu corpo, para uma outra geografia. Por isto considero a minha/nossa vida uma constante viagem, ou melhor, um constante viajar, cabendo a cada um as escolhas dos destinos, das estações, dos apeadeiros. Essas viagens permitem-me conhecer melhor esta coisa a que se convencionou chamar vida. Ao realizar inúmeros itinerários, sejam eles quais forem, por essa vida fora, tenho esperança de a conhecer melhor, de percebê-la. Desde há uns anos que tornei isto como a demanda central da minha vida. E viajo. E sou curioso. Torno a viajar. Gosto de dizer que me tornei uma espécie de cientista da vida, e é através das viagens, físicas ou não, a lugares específicos ou incorpóreos, que realizo as minhas experiências, tornando o mundo o meu laboratório. 

Sem comentários:

Enviar um comentário