Na viagem de volta impossível esquecer as vozes dos pequenos monges recitando as suas preces, em voz muito alta, vigorosa, com um prazer e uma urgência de seriedade de criança.
Chegar ao hotel, o mesmo, ver as caras conhecidos, ser recebido como família, a roupa vinda da lavadaria com um cheiro de conforto. É tão bom. Sobretudo quando se está longe. Faz-nos sentir pertencer a algum lugar, encaixar, mesmo sem pertencer. Chegar a casa. Sem chegar. E será que alguma vez chegamos mesmo a casa, ou temos sensações e hábitos que nós fazem acreditar que sim.
Como eu gostaria viver na máxima de Sócrates : "não sou ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo. E assim fazer de todos os sítios uma casa. Nem que os tijolos fossem apenas de hábitos e sensações.
Chegar ao quarto, ao mesmo quarto, e deitar-me em cima da cama. Sem nada pensar. A ouvir a miscelânea dos ruídos lá de fora. Miúdos brincando, recitações das ppresses de fim de dia, vozes falando numa língua familiar mas não compreendida, o trânsito ao longe, os pássaros. Numa sinfonia. Apenas a respirar. Suavemente. Casa.
Para daí a pouco já estar na inquietação de partir.
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