domingo, 17 de agosto de 2014

Desportos radicais


Deixem-me falar-lhes do Sangpo. Uns dias antes de partir de Portugal, um grande amigo, o Fernando Santos, telefonou-me dizendo que a pessoa certa para eu contactar, era um monge que já tinha viajado com ele, e conhecia muito bem toda a região. E assim, graças ás tecnologias desta era, combinei encontrar-me com ele no meu hotel em Boudhanath. Apareceu-me um monge cheio de simpatia, de sorriso afável e vestido a preceito. Falamos um bocado, sobretudo sobre as viagens dentro da viagem a realizar, e combinamos encontrar-nos no dia seguinte para irmos á embaixada da Índia, pois um dos sítios que pretendia visitar ficava já fora do Nepal. E assim aconteceu, no dia seguinte, muito cedo, após o pequeno almoço, Sangpo foi buscar-me. Perguntei- lhe como íamos. Respondeu seguro:  - "De mota"
Pensei que fossem os famosos tuk tuk ou coisa no gênero, mas qual não é o meu espanto quando o vejo agarrar num capacete e subir para uma mota! Convidou-me a subir também. Eu, petrificado ainda perguntei pelo meu capacete. 
-"No need"- foi a resposta que obtive, com um sorriso. 
Em menos de nada, de sequer ter tempo para sentir qualquer coisa parecida com medo, dei comigo em cima de uma mota, sem capacete e com um monge na condução. Toda a gente faz uma ideia do caótico que é o trânsito para estes lados. Se me dissessem que isto me iria um dia acontecer, diria que era impossível. Mentira! Ali estava eu no meio do trânsito maluco. Pior! É que só tinha vontade de rir. Acho que o meu corpo achava-se numa qualquer experiência radical. 
Na embaixada disseram-nos que, por causa das comemorações da independência da Índia, não havia visto para ninguém. A emocionante viagem de mota tinha sido em vão. Ou não! Tenho mais um "chek" na minha lista de coisas por fazer ( lista essa, que por acaso não possuo): andei de mota, á pendura, no centro de Kathmandu. 
De Sangpo, que a propósito, é um excelente condutor, vamos ouvir mais histórias. De certeza. Uma vez que ele vai ser uma espécie de guia numa parte da minha viagem. Não de mota, claro! 
Apesar da adrenalina ainda consegui tirar uma fotografia, numa parte do caminho, onde o trânsito estava mais calmo. 
A poluição é muita. Felizmente tinha comprado uma máscara no dia anterior. Capacete não há mas de resto temos tudo. 

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