quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Chegar

A viagem até ao Nepal é uma grande aventura. Os vôos são longos, e quase sempre é preciso fazer mais do que uma escala. Mas eu aplico sempre a minha interpretação pessoal de uma frase, atribuída a Buda, que diz: "Não existe um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho". Sempre fui inspirado por ela, no sentido de quando pretendo alcançar uma determinada coisa, o processo para o conseguir, ja é em si essa coisa pretendida. Por isso, o Nepal já é o caminho que estou a fazer. Um caminho que começou bem cedo até á primeira escala em Londres. Como o vôo seguinte de ligação era só á noite, ainda fui passear por terras de, por enquanto, e enquanto  o William e a Kate não ascenderem ao trono, terras de sua majestade, a rainha. Ao final do dia lá fui para a segunda escala, que aconteceria em Doha, no Quatar, para seguidamente apanhar a ligação seguinte que me levaria até Kathmandu. Quando finalmente cheguei  á cidade Nepalesa, nem sei precisar quanto tempo andei por boa parte do mundo. Esta dificuldade é acrescida do facto de andar por vários fusos horários. Pelas minhas contas foi um dia e meio de viagem, que pareceram dois dias. Mesmo assim, apesar de ter um medo estúpido de andar de avião, diverte-me imenso em permanecer nos aeroportos. Neste aspeto a viagem foi bastante rica. Gosto de observar pessoas, de diferentes culturas, países, religiões, com diferentes estados de espírito, com diferentes maneiras de vestir. Umas a correr, outras cheias de calma, mas todas a viver a sua vida, mesmo que algumas não se dêem conta. O aeroporto fica como se fosse um pequeno mostruário do mundo. Um viveiro. Depois também me atrai a efemeridade de tudo. Tanto o observador como os observados  só estão temporariamente nesse lugar. No caso do observador que aqui escreve, depois de passado esse temporário eis que chego ao reino mágico do Nepal. Depois de cumprir as formalidades de entrada no país ( o visto é pedido á entrada do aeroporto e tem um custo de vinte euros), entrei num dos muitos táxis que existem no aeroporto e fui para Bodhnath, uma parte do vale de Kathmandu, que gosto particularmente. Decidi ir até ao hotel onde fiquei da ultima vez e que recordo com muita simpatia, dirigido por uma família de tibetanos. Felizmente tinha um quarto para mim. Puz as coisas no quarto, mas embora cansado, e com a cabeça meio azambuada,não permaneci nele. A ansiedade boa de sair para as ruas de Bodhnath era maior, muito maior. Saí para a rua, debaixo de uma chuva miúdinha das monções, dirigindo-me ao mosteiro de Shechen. Ao caminhar, ao ouvir o doce reboliço das pequenas ruas, os cânticos das preces dos monges, sorri. Sinti-me em casa. 


No mosteiro de Shechen, após ter assistido a uma prática com os monges aí residentes
O dia chega ao fim, finalmente vou poder descansar. Se o famoso jet-lag deixar.

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